Páginas

Image and video hosting by TinyPic Image and video hosting by TinyPic Image and video hosting by TinyPic Image and video hosting by TinyPic

domingo, 22 de maio de 2011

Ninfa das Trevas

   Eu estava, como sempre, no prédio principal com a orquestra, eu sempre tocava violino, mas a Hérmia não estava satisfeita com as minhas habilidades musicais "Oh, santo deus! Por que eu tinha que nascer uma ninfa Euterpe?Não me dou bem em música, não sou boa com instrumentos musicais, por que eu tinha que ser uma ninfa da música?" era o que eu pensava toda noite antes de dormir, a maioria delas me acham maluca, sou um pouco revoltada, viciada em solidão, não gosto dessas músicas que tocam aqui, eu sei que tem outra maneira de nos expressarmos musicalmente, essas são calmas e pacíficas, não me descrevem, eu só queria algo novo
Eu
   - Guatemalla! - Berrou Hérmia
   - Sim, senhorita Hérmia - Eu me levantei do meu banco
   - Por favor, exijo que pare de tocar, está estragando a música da orquestra! - Ouvi do fundo da sala, alguns risinhos das outras ninfas
   - Mas como eu estou estragando?
   - Esse ritmo agitado, essa violência ao tocar, você certamente não nasceu para a música
   - Me desculpe, senhorita Hérmia - Eu saí, comportada, com o meu violino nas mãos, mas com vontade de matá-la, elas não me compreendiam, mesmo caminhando calmamente, o meu longo vestido rosa batia nos meus pés, sentia as flores pinicando suavemente os meus ombros, a charpe rosa bebê se enrolava em meus braços e pés, quem me dera poder pegar o meu arco a atravessar sua garganta com ele, não sei se era a única a bolar alguns planos loucos de roubo, fuga ou matança sem nem ao menos realizá-los, saí do prédio principal, me deparei o com o lindo jardim que tinha lá, eu não gostava disso, não gostava de ser como as outras, de ser apenas mais uma ninfa com um vestido longo que toca músicas, mas era a única coisa que haviam me ensinado, tinha que aceitar que era uma Euterpe, uma ninfa da música, fiquei embaixo da árvore
   - Todo som - Eu conseguia ouvir a Hérmia falar - Todo e qualquer barulho por mais desafinado que seja é música
   Me sentei, ainda debaixo da árvore levantei os meus dois dedos posteriores ao polegar e comecei a deslizá-los no ar, nós ninfas da música tocamos músicas mesmo sem 
Essa é a Hermia
instrumentos, apenas com os dedos, percebemos as cores de cada nota, eu comecei a tocar o lago dos cisnes, saíram vários arco-íris e eu os ficava observando à medida que movimentava os dedos. Vi a Dalla, em frente ao prédio principal, prestes a tocar a sua flauta como sinal para que as outras ninfas saíssem, assim que ela tocou, as outras saíam leves, como se dançassem na grama, por que eu jamais conseguira ser tão delicada? Senti muita tristeza naquela hora, mas não era uma tristeza que as outras sentiriam, era raiva, mas poucas ninfas sentem raiva, lembrar a mim mesma disso só me dava mais raiva, só provava que eu era ainda mais estranha, tentei relaxar, levantei, fiquei na ponta dos pés de frente para a árvore e peguei uma maçã para comer, eu estava despedaçada, "...está estragando a música..." quando me lembrei dessas palavras, quase soltei um grito, choquei a ponta do arco do meu violino contra a árvore, foi tão forte que ele ficou lá, cravado naquela planta, como uma espada, as outras ninfas me olharam com uma cara de horror, pude ver algumas delas levando uma mão ou as duas à boca, outras simplesmente me olhavam preocupadas, como se todas tivessem medo de mim, foi a gota d'água, nessa hora eu corri para a minha casa, girei a maçaneta de esmeralda e lá encontrei a minha tranquila e pequena sala de estar, o sofá e puffys de seda, as cortinas de cetim, fui passando os meus pés pelo chão de mármore até o sofá, sentei nele e comecei a tocar com os dedos, uma outra música que fui compondo na hora, ela era depressiva e complicada, como eu, poucos a entenderiam, mas eu só não era boa com o violino, olhei pela janela, alguns passarinhos haviam vindo, ouvir minha música, achei lindo, simplesmente amo os animais, parei um segundo de tocar para ir até a janela, levantei o dedo para que o pássaro subisse nele, ao menos alguém gostava da minha música, ele começou a cantar o ritmo da minha música, peguei dois dedos da outra mão e fui tocando-a novamente, de repente, parei de tocar e já estava cantando junto com ele, eu amo 
principalmente as aves porque elas cantam. E são as únicas que não me julgam, deveriam haver outras músicas que expressassem sentimentos menos comuns, deviam haver músicas que combinassem comigo "Com certeza existem" pensei , lembrei dos livros que minha avó havia lido e me contado as histórias, eram absolutamente proibidos de serem lidos pois as ninfas líderes achavam que eles levavam as sombras ao nosso mundo, os livros falavam de um mundo depois das águas escuras, se nadássemos nos rios, e passássemos da parte em que as águas ficam escuras, iríamos parar num mundo louco, eu nunca cheguei a lê-los, sempre me esforcei para ser uma boa menina, mas eu não conseguia ser bem vista, vivia pisando em ovos quando tentava fazer as outras pessoas satisfeitas, nada dava certo. Nessa hora o pássaro que estava no meu dedo voou, "ele deve visitar o mundo do lado escuro do rio todo dia" pensei "como ele tem sorte" voltei a tocar, melancólica, a minha música, por algum motivo, eu tinha que aceitar: Eu era amarga e má, eu havia nascido para ser má, não era como as outras ninfas Euterpes, eu jamais seria delicada como elas, jamais seria doce como elas. Chega a noite, e eu tenho que dormir, me seguro à escada de madeira, dando uma última olhada pela janela, com a bela vista para o lago que tem a metade escura, uma vontade de ler os livros sobre ele me invadiu, mas eu resisti, virei minha cabeça, desviando meu olhar da estante, subi ao loft onde fica a minha rede de flores e folhas, deitei nela, mas não podia evitar curvar o meu pescoço na direção da janela para olhar o lago, e ele estava lá, sombrio, quieto, parado.
O lago
   Acordo no dia seguinte "lá vamos nós de novo" pensei "tente não estragar a música da orquestra hoje, Guatemalla" Levantei da cama, não entendia o porque dessa enorme tentação em ir para o lago onde na teoria, existe um portal para outro mundo, onde somos vistas por poucos, mas resolvi ignorar essa imensa vontade de ir para lá, peguei o meu violino e um outro arco, me direcionei ao prédio principal, no parque, caminhei pela grama que estava mais verde que nunca, o vento passava por algumas flores causando um efeito sonoro perfeitamente harmonioso, comecei a subir as escadas já podia escutar os risinhos das outras ninfas e os insultos da Hermia, mas continuei subindo as escadas de mármore, cheguei à porta da frente, através do cristal, podia ver todas se agrupando na ordem para começar a tocar, bastou a minha presença naquela sala que todas me olharam, inclusive a Hermia, todas voltaram seus olhares para o lugar e eu me direcionei à minha vaga na última fileira da orquestra, eu comecei a tocar junto com as outras ninfas
   - Guatemalla, pela última vez, estou mandando você tocar com graça e delicadeza! Você toca com a agressividade de mil minotauros!
   - Mas Hermia, eu...
   - Agora chega! Vá para fora do prédio principal.
   - Por favor, me escute...
   - AGORA!!!
   Meus olhos ficaram humidos, era inevitável a presença de uma retorcida cara de choro, as duas primeiras lágrimas escorreram, eu joguei meu violino no chão, o que causou o olhar espantado das outras Euterpes e o olhar duplamente enraivado da Hermia, saí correndo do prédio principal com as mãos no rosto, empurrei todas as que estavam na minha frente, inclusive a madame Hermia, corri para a beira de um lago, riacho ou o que quer que fosse, sentei com os pés encostando suavemente nas águas azuis de lá, eu não podia aguentar tanta pressão, por mais que eu tentasse, jamais conseguiria achar a paz de espírito, olhei bem para o horizonte, e só então me situei: Eu definitivamente, estava no lago do qual havia se falado nos livros "Será?" Pensei, a minha vontade de ir àquele mundo que a minha avó sempre descreveu como louco só aumentava, não era como a simples vontade de 
enfiar o arco do meu violino pela garganta da madame Hermia até perfurá-la 100%, era algo maior, quase me controlava "Se é para ser..." Pensei "Vai ser agora." Tirei a minha charpe, minha coroa de flores, e as pendurei na árvore, me direcionei ao lago, olhei ao redor para garantir que ninguém estaria me observando, fui arrastando meus pés até as calmas águas do rio, era gelado, desci até o ponto de as águas baterem na minha cintura, ouvi alguém chegando, era a Hermia, aquele monstro! Ela se aproximava, procurava alguma coisa, muito provavelmente a mim, ao ver que já havia liberado as outras ninfas e não me viu, melancólica, no parque, me procurou, apenas para poder me punir de alguma forma. Ela olhava para todos os lados, mergulhei naquela lagoa antes que ela direcionasse o olhar na minha direção "Agora não tem mais volta" Pensei "Ou eu vou logo até a parte escura, ou sofrerei pelo resto da vida" Tomei impulso numa pedra que estava embaixo d'água, nadei, nadei, nadei, nadei, nadei com o maior esforço da minha vida, eu estava a uma distância minúscula da parte escura do lago, podia vê-la vindo até mim à medida que eu ia até ela, mas algo me puxou, não como uma mão ou um animal, mas uma força bizarra, alguma coisa realmente me puxou para longe da parte escura, em dois segundos eu não via mais nada, mas lutava para voltar a onde estava, sem sucesso, eu era puxada para trás e para cima, eu estava presa àquela força, não estava mais na água, mas tentava respirar, e não conseguia. Eu abro os olhos de novo, estou deitada e encolhida em um tipo de poça, numa floresta escura, com medo, levantei-me rapidamente, olhei para trás, tinha passado para a parte escura do rio, estava na outra margem do tal "mundo louco" que o livro da minha avó descrevia, olhei ao redor e via os monstros, as lagartixas gigantes com dentes afiados que o mesmo mencionava, elas rosnavam para mim, eu sabia que aquilo não era bom. Muitos anos da minha vida dedicados a tentar ser delicada, sem obter sucesso, e agora eu me via obrigada a ser agressiva e forte, e deixar a delicadeza de lado. Um desses monstros veio rastejando na minha direção e agarrou minha perna, 
tentando me arrastar para o rio, mas antes que ele conseguisse, eu peguei a minha outra perna e dei um chute na cara dele, meus pés sangravam, eu estava desesperada, e fiz uma coisa que uma Euterpe jamais deve se atrever a fazer: Eu usei a gaita. Não era o instrumento, apenas uma sequência de notas emitidas como numa gaita, mas feitas pelos dedos de uma ninfa, com isso você consegue por a todos que estão por perto num sono profundo e severo "Os animais desse mundo não são muito fortes... Ou resistentes" Pensei "Será que existem outras ninfas aqui?" Ouvi de longe uma música, era amarga, era revoltada, deprimida, descrevia a minha vida e como eu me sentia em relação a ela. Segui. Segui a canção, a letra me libertava, de certa forma poderia me fazer sentir pior do que eu já estava, mas eu achei um preço justo a se pagar por ouvir uma música que revelasse que alguém me entendia, me fazia sentir melhor, pois eu também tinha raiva de todos. "Não sou como as outras garotas, sendo assim todos devem me matar. Não faz sentido obedecer a ordens se não agrado ninguém" ouvir aquela menina cantando tudo aquilo era como ouvir meus sentimentos. Depois de correr sem parar, me deparei com uma cerca, e depois dela, um chão acinzentado com umas listras amarelas, tinham luzes nas ruas, não tinha jardins, mas não liguei. Pulei a cerca, comecei a andar por lá, o meu vestido molhado, pesava cada vez mais, o chão machucava mais ainda o meu pé vagamente ensangüentado. Encontrei um prédio, mas não era um prédio normal, era quadrado, alto, o cristal de suas paredes não deixava transparecer o interior, apenas as suas portas faziam isso, era uma visão pesada, tinham muitas ninfas em frente ao prédio, elas se vestiam com roupas estranhas, 
tinham orelhas redondas e o aspecto de algumas delas me assustava, mas a música vinha 
de lá, resolvi seguir aquele instinto que havia me levado até onde estava, um deles só ficava parado na porta, com uma roupa preta, ele decidia quem entrava e quem não entrava, ele devia ser algum tipo de líder, pensei em pedir para ele para entrar, mas na mesma hora, alguém saiu de mim, ou quase, só alguns segundos depois eu percebi que aquela ninfa do outro lado do lago, havia me atravessado, como se eu não existisse. Então era isso, eu podia atravessar as pessoas daquele mundo e elas podiam me atravessar, estiquei meu braço para atravessar as costas de uma ninfa na minha frente, mas eu a toquei, minha mão não passava de suas costas, ela virou a cara com desprezo e um pouco de medo
   - Quem é você??
   - Ninguém... - Eu saí de perto devagar enquanto ela me olhava esquisito, quando me misturei às outras pessoas enquanto elas me atravessavam, foi o exato momento em que aquela ninfa virou a cara, eu pude escutar uma de suas amigas perguntar "Com quem você estava falando?" Como assim?? Então ela podia me ver mas as amigas dela não? Olhei para os lados e percebi na mesma hora que algumas pessoas me olhavam nos olhos e desviavam o olhar enquanto outras olhavam-me como se vissem através de mim, por que algumas pessoas me viam e outras não? Não importava, havia tirado o meu real objetivo de foco, torci para que o líder não pudesse me ver, apenas passei pelo portão, atravessando a maioria das ninfas que estavam no meu caminho, o que me assustou um pouco enquanto eu entrava naquela multidão é que muitas delas eram meninos, no meu mundo não tem muitos meninos, a música ficava mais alta, eu percebia sons com os quais não estava acostumada, eu quase não conseguia ouvir meus pensamentos, o ritmo dela parecia bater o meu peito com força, cheguei a parte da frente do palco, a menina que cantava era alta, magra usava roupas um pouco estranhas, eram apertadas, alguns detalhes ficavam pendurados, enquanto cantava ela se balançava de um lado para o outro como se estivesse brigando, eu estava encantada com a voz dela e com o modo como ela descrevia meus sentimentos, após o concerto, eu tinha que dar minhas congratulações, mas e se ela não pudesse me ver? Haviam mais meninos com roupas pretas em frente ao palco, mas provavelmente nenhum deles me via, logo após 
aquela maravilhosa música, a menina disse
   - Muito Obrigada, gente! Valeu! ESSA CIDADE ARRASA!!
   Ela saiu, sorridente do palco e as outras meninas que estavam atrás dela tocando aqueles instrumentos estranhos também, atravessei um dos garotos de roupa preta e subi no palco, entrei na mesma cortina preta que ela segui seus passos, ela caminhou e entrou numa porta onde tinha uma estrela dourada na frente, eu a segurei quando estava quase se fechando, a garota estava sentando-se numa poltrona em frente a um espelho acompanhado de uma penteadeira com pincéis e muitos tipos de pó colorido
   - Oi, quem é você?
   - Sou Guatemalla, olha, eu admiro muito a sua música, você canta com agressividade e faz isso parecer bom, a madame Hermia certamente nunca ouviu esse tipo de música, pois se ouvisse não falaria do exagero com tanto desprezo, você descreve os meus sentimentos e a minha vida ao cantar, acho que é muito bom eu perceber que há ninfas que me entendem e quando eu ouço você cantando é como se eu tivesse soltado minha raiva, eu só quero lhe dar minhas congratulações.
   - Ninfa?
   - Bem... É.
   - Olha, devo ter feito um ou dois trabalhos sobre ninfas para o colégio, mas eu não sou uma ninfa, elas são da mitologia grega e...
   - Mitologia?
   - É, sabe, de mito, mitológico, histórias inventadas
   - Eu sei o que é mito, mas eu não sou um mito
   - Você não é uma ninfa. E a propósito como chegou aqui?
   - Eu segui você
   - Tá e você quer um autógrafo, alguma foto?
   - O que é um autógrafo?
   - Vai me dizer que você não sabe o que é isso! - Ela ficou com uma expressão irritada no rosto
   - Não temos isso onde eu vivo
   - Eu estou presa com uma garota que tem distúrbios mentais - Ela parecia estar falando consigo mesma, mas eu me senti ofendida com a parte dos distúrbios mentais - Vou chamar os seguranças e tudo ficará bem... - Ela fez um sorriso forçado para mim - SEGURANÇAS!!!! - gritou quase chorando, logo dois daqueles meninos de roupas pretas, altos e gordos entraram e um deles perguntou com sua voz grave
   - O que aconteceu??
   - ALI!! NÃO ESTÃO VENDO ESSA GAROTA? TIREM ELA DAQUI! ELA TEM PROBLEMAS!
   - Vallery, não tem ninguém aqui - Eu dei um passo para trás para mostrar que os atravessava
   - Ah... Nada. Não foi nada... Eu me assustei com uma sombra só isso - Eles se entreolharam e permaneceram lá, olhando-a de um jeito estranho - Saiam daqui, eu vou trocar de roupa. - Como o ordenado, eles saíram e fecharam a porta - Então tá, você é mesmo uma ninfa, não é? - Ela estava apavorada e desesperada, eu realmente achei que ela fosse desmaiar
   - Sim.
   - é tipo uma deusa, é isso?
   - Acho que é... Uma ninfa Euterpe é uma ninfa da música, eu cheguei ao seu mundo atravessando a parte escura de um lago
   - Um lago??
   - Acho que um lago do seu mundo faz contato com o meu, bem... Haviam uns livros sobre isso, aqui não podemos ser vistas por todas, só não entendo por que...
   - Bem... Nas aulas de história, eu sempre aprendi que as ninfas eram seres espirituais, então, se você é uma ninfa da música... Talvez só quem tenha paixão pela música possa te ver
   - Provavelmente...
   - Por que você quis vir para cá?
   - Bem... Eu não gosto do meu mundo. As outras ninfas me criticam e não gostam do meu jeito, a madame Hermia odeia o modo como eu toco violino e eu já não aguentava mais me manter calma e ter que parecer sempre serena quando todos estavam olhando para mim com desprezo, só esperando que eu errasse, o meu mundo é um lugar bom... Só não é o meu lugar, eu queria ser uma não ninfa, como você!
   - O termo correto é humana, e quem é a madame Hermia?
   - Deusa das ninfas, ela passa a maior parte de seu tempo com as Euterpes, pois ama música, eu tenho procurado por tanto tempo alguma música que descrevesse os meus sentimentos raivosos e amargos, ao mesmo tempo que tento ser delicada e agradar a todas sem sucesso e quando eu cheguei ao seu mundo eu acho que encerrei a minha procura, mas em breve vou ter que voltar ao lugar de onde vim, terei que mostrar esse ritmo para a madame Hermia e talvez ela compreenda que o meu lugar não é empunhando um violino
   -  Sei bem como se sente... Quer experimentar minha guitarra?
   - O que é uma guitarra? - Ela riu baixinho, foi até um armário feito de madeira e de lá tirou o que me pareceu uma caixa de violoncelo de primeira, mas logo ela tirou o instrumento de corda mais estranho que eu já vi
   - Eu não usei no show de hoje porque a Tammy ia tocar na dela. Eu acho que você vai gostar- Ela ligou um barbante duro à tal da guitarra e depois colocou a outra ponta em um quadrado todo preto,  ela veio na minha direção e pendurou-o em mim com uma alça
   - O que é isso?
   - Um amplificador
   - Certo...
   - Quer que eu te ensine a tocar? - Mas antes de responder eu simplesmente comecei a tocar, eu não sabia o que estava fazendo, mas consegui fazer com que o som saísse raivoso e depressivo, como os meus sentimentos - Nossa! Você é muito boa nisso!
   - Sério? - Eu tirei a alça do meu ombro e entreguei a guitarra a ela - Eu gostei muito de fazer isso, foi como poder libertar o meu lado negro, a madame Hermia ia odiar me ver tocando algo tão agressivo
   - Você anda sempre com essas roupas?
   - Eu não gosto muito disso, mas todas usam de onde eu venho, eu cheguei aqui e achei as roupas de vocês estranhas, mas são bonitas. Não passam a impressão de tanta delicadeza e assim eu não precisaria tentar ser delicada, precisaria?
   - Eu acho que não, mas vem, tira essas roupas molhadas, eu te empresto as minhas
   - Tudo bem.
Quando humanas envelhecem ficam
tão murchas...
   Ela me emprestou algumas roupas ao mesmo tempo que me ensinava uma porção de coisas sobre o mundo dela, os fusos horários eram perfeitamente contrários, quando no meu mundo era dia, no mundo dela era noite e vice-versa, as pessoas do mundo dela ficam com a aparência envelhecida e muitos não vivem até os 102 anos, eles também não podiam tocar música com os dedos, tudo isso era meio novo para mim, enquanto estava no banheiro eu parei e dei uma olhada no ferimento causado pela lagartixa gigante, não havia sido um corte grande demais, num humano seria, a pele deles é fina e sensível, mas mesmo assim eu peguei um chumaco de algodão e coloquei no meu pé, por baixo da meia, eu saí do banheiro com uma jaqueta preta de couro sintético por cima de um vestido rosa, também de tecido leve, ele era comprido, mas ela o amarrou na minha cintura para encurtá-lo e com sucesso, estava também com um all star vermelho
   - São meia noite, melhor você ir para casa, seus pais vão te querer lá para o almoço
   - AI MEU DEUS!! A MADAME HERMIA VAI ME MATAR! QUANDO QUER QUE EU TE DEVOLVA AS ROUPAS??
   - Pode ficar, eu sou famosa, sou paga para usar as roupas, a qualquer hora eu posso comprar mais umas 40 dessas
   - Obrigada, eu volto à noite, quer dizer... Vai ser de manhã para você! Tchau!
Eram lindas e fofas, tão graciosas...
   Saí correndo, retrocedi todos os meus passos, entrei de novo na floresta escura, encontrei as lagartixas gigantes ainda dormindo, eram tão lindas, eram fofas e graciosas, claro que você tinha que olhar de um ponto de vista mais bondoso para pensar assim, então eu fiz mais uma coisa que nenhuma ninfa deveria fazer: Usei a flauta, diferente da gaita, esse é o uso do próprio instrumento, mas pelas mãos de uma ninfa, o que faz todos que estão lá naquele momento se encantarem e admirarem pela eternidade quem a toca, no caso, as tais lagartixas, não sei bem por que fiz isso, mas eu só queria abraçá-las quando voltasse lá, mergulhei de novo no lago, não senti nada me puxando para cima, quando comecei a nadar, apenas me senti como se estivesse caindo, não via nada não respirava, mas não era tão desesperador como da outra vez, quando finalmente voltei a ver, estava em baixo d'água, levantei com força, desesperada para respirar, ninguém à vista, isso era bom, tirei a jaqueta, saí do lago, desamarrei o vestido da Vallery que era quase igual ao meu, peguei minha charpe, minha coroa de flores, escondi a jaqueta em um arbusto e continuei a caminhar, até o salão mestre das refeições, eu abri os portões e todas as ninfas me olharam, inclusive a madame Hermia, elas me olhavam com ódio
Nas refeições, todas comemos cerejas
   - Guatemalla, por que está atrasada para o almoço?? - "Porque estava em um mundo dez vezes melhor que esse porque você não estava lá" pensei - O que é isso nos seus pés?? - "Sapatos, e parece que não tem nada dentro da sua cabeça" - E por que está toda molhada??? - "Porque descobri que lagartixas gigantes e sanguinárias são melhores que você" - Me responda a essas perguntas agora ou então...
   - Me desculpe, madame Hermia, eu jamais deveria ter me atrasado, isso nos meus pés são apenas um belo material que eu encontrei no lago e resolvi pegá-lo para uso próprio, e sinto muito se estou molhada, quando fui pegá-lo tropecei e acidentalmente mergulhei no lago, mas em seguida saí de lá, mas se a senhora puder me dar a honra da sua e da companhia das outras ninfas eu me sentirei mais agradecida do que nunca - A minha vontade era de mandá-la calar a boca e me permitir comer em paz, mas eu disse isso por medo de saber até onde a deusa das ninfas pode chegar com sua impaciência
   - Não. - Simplesmente, um seco não, não pude evitar um olhar de ódio sobre ela, todas a julgavam deusa das ninfas, mas tudo o que ela tinha de diferente das outras era dominar as habilidades de todos os mundos das ninfas, ela era talentosa, mas não era melhor que eu por isso. Infelizmente logo parei com o meu olhar de ódio sobre ela - O que ainda está fazendo aqui?  Mantenha-se longe do salão mestre das refeições até o fim do dia!
   - Hermia, eu não...
   - É UMA ORDEM!!!!
   - Me desculpe - "Eu lhe farei morrer velha e sozinha!" - Eu não quis atrapalhar - "Você deveria ser morta pelas lagartixas gigantes de lá"
   - Ótimo, e tire essas coisas dos seus pés, deixam eles maiores e mais feios do que já são.
   - Sim senhora - "OS SAPATOS SÃO MEUS EU OS TIRO QUANDO TIVER VONTADE!!!! IGNORANTE!"
   Eu saí do salão mestre das refeições, com uma aparência calma e serena, mas estava com raiva, repleta de ódio, quanta pressão eu sofria no meu mundo, de repente eu comecei a chorar, me direcionei a uma árvore, meio escondida, longe do centro do parque, onde tinha um balanço, sentei-me lá, comecei a tocar com os dedos, um som de guitarra, uma música baixa, porém revoltada, comecei a cantar também, alguns passarinhos pousaram no balanço, próximos ao meu ombro e começaram a cantar junto com a música, eles também gostavam da minha música revoltada, direcionei um dedo meu da outra mão para um deles subir, quando subiu começou a cantar mais alto, eu o levei até a frente do meu rosto e continuei cantando, quando percebi, mais de dez pássaros estavam ao meu redor me observando cantar, eu fiquei mais feliz que nunca, eu estava cantando com meus sentimentos e eles gostavam quando eu fazia isso. Mas a Hermia não, eu tinha que prová-la que isso era bom o quanto antes.


Continua...

terça-feira, 17 de maio de 2011

Rapunzel (Parte IV)

Minha cama

   - Rapunzel... - A Jully me sacudia suavemente na cama, eu abri os olhos, sabia que dia era, sabia o que ia fazer, ela me abraçou, começou chorar e em seguida disse com a voz trêmula - É agora
   Ela me acompanhou até uma sala, do lado contrário ao banheiro naquele escritório enorme, lá a Joanna me esperava
   - Querida, não poderemos ficar com você durante a batalha - Disse a Genna - é uma coisa que você tem que fazer sozinha, mas estaremos torcendo por você, tudo bem?
   - Tudo bem. - Eu virei as costas e saí andando
   - E... Rapunzel - Eu olhei de volta para ela - Nós te amamos
   - Também amo vocês
   Eu fui saindo devagar depois de dar tchau a elas, mas eu não queria ir, não queria morrer, não queria deixá-las e principalmente: Não queria matar a minha mãe, mas eu devia, cheguei novamente ao castelo, a cerca elétrica estava sendo coberta por alguns grupos de zumbis, parados ali, matei todos antes que olhassem para mim, eu não precisava ter piedade de quem não teve piedade da minha irmãzinha Liza, em seguida, desliguei a cerca, parei o moinho, queria chamar a atenção da Genna. Eu a avistei saindo do castelo, provavelmente querendo saber o motivo pelo qual o moinho havia parado
   - Mas que diabos... - Iniciou uma frase antes de olhar à frente do portão e me ver - Ah. Então Rapunzel... Voltou para destruir o meu plano da nova ordem mundial? Voçltou para impedir que eu me sinta uma deusa? Voltou para impedir a segurança da Terra?
É a Genna gritando comigo.
   - Talvez. - Falei, fria e odiosa, a minha voz por pouco não tremia com a vontade de chorar que eu jamais expressaria na frente da mulher que agora queria me matar. Eu abri o portão com a mente, arrastei meu cabelo para perto de mim, e o fechei, tranquei dessa vez.
   - Vejo então - Falou num tom raivoso - Que aprendeu a controlar suas habilidades
   - Aprendi, Genna
   - Mas isso não vai me impedir! - Ela saiu correndo para dentro do castelo, eu tinha que matá-la como matei aqueles zumbis, mas não consegui, apenas corri atrás dela, entrei no castelo.
   - GENNA, PARE!!! - Agarrei o capuz de seu moletom
   - NÃO ME IMPEÇA!!! - Ela puxou um machado de uma armadura de um lado da sala, temtou me acertar, mas eu me joguei e rolei no chão, depois dessa, peguei um outro objeto cortante da outra armadura do outro lado, porém, diferente da Genna, quando eu a peguei, derrubei a estátua e a desmontei toda, mas não liguei, tinha mais com o que me preocupar: A Genna era uma excelente espadachim e eu mal sabia mexer com palitos de dente. Ela veio na minha direção com seu machado, eu apenas segurei a espada na minha frente para ver se defendia alguma coisa, eu senti quase a mesma coisa que senti quando o míssil atingiu o meu cabelo: Um impacto terrível, eu caí no chão, mas o incrível é que a Genna também caiu, de repente eu sabia lutar de espadas. Como eu havia feito isso? Eu absorvi os conhecimentos dela sobre lutas de espada "Que doido" pensei, levantei-me ao mesmo tempo que ela e começamos a lutar, antes que eu pudesse perceber já estávamos no porão, com todos aqueles corpos flutuando, ela passou a espada na direção da minha cabeça e eu abaixei de novo, mas ela cortou o meu cabelo, eu me frustrei muito, mas a luta não podia parar por conta disso, eu estava por um fio, então tive que deixar de lado, continuamos lutando até que fiz algo que não achava que conseguiria: Eu tirei a espada dela, ela fugiu e mais uma vez eu não tive coragem de matá-la com a mente, ela começou a digitar no computador central daquela sala - NADA PODE ME IMPEDIR AGORA, GAROTA INÚTIL
   - Nada além de mim... - murmurei
Liberei o meu lado artístico para fazer um
desenho de mim com meu novo... Penteado.
   A Genna virou de costas para o computador, me olhando apavorada, nessa hora eu lembrei de tudo de bom que ela já havia me feito, penteado meu cabelo, me dado roupas, e tudo mais, e tudo isso para dominar o mundo, agora ela iria me matar, a sangue frio, ela não me via como filha, me via como um objeto, o que ela usaria para sua nova ordem mundial, sem falar que havia sido ela quem infectou a Liza e proporcionou que aquelas criaturas do inferno a matassem, eu vi a água se esgotando das cúpulas, as pessoas ficaram em pé e olharam ao redor, o ódio me invadiu, agora eu simplesmente queria matá-la, a sangue frio também, estiquei os braços para por mais forças no que eu ia fazer, as cúpulas explodiram, todos os cacos gigantes e pequenos de vidro se lançaram na direção dela, ela abriu a boca para dizer alguma coisa poucos segundos antes de ser atingida por clones mortos e pontas cortantes, consegui fazer leitura labial, sua últimas palavras foram "eu te amo" ao ser atingida, ela caiu sobre o computador que começou a vibrar e sair faíscas, para que não acontecesse nada comigo, eu fiz um campo de força invisível ao meu redor, o porão explode, eu simplesmente estou naquele cenário horrível e acinzentado, pois o castelo começou a desmoronar, junto comigo, eu chorava enquanto via tudo o que eu tinha cair flamejante no chão, após a queda da minha casa, simplesmente fiquei lá parada, observando todos os vestígios da explosão, agachei vagarosamente para pegar uma coisa no chão, era a minha boneca, que a Genna havia me dado quando me trouxe para cá, eu tirei as cinzas e o sangue dos clones de cima dela, a olhei nos olhos, com aquele sorrisinho angelical que tanto me lembrava todos os momentos que eu tive com a minha família, mesmo sendo tudo fingimento da Genna, nossos sentimentos foram reais, e ela era uma clara lembrança de que eu fui feliz, coloquei de volta onde a encontrei, minha antiga família era passado, agora eu tinha uma nova família: Todos os que estavam na sede da OPPE, Jully, Joanna, as menininhas de 5 anos e os gatos da minha idade, eles eram a minha família. E eu estava voltando para lá.
E eu realmente fiquei bonita com o cabelo
curto, obrigada Genna :)

domingo, 15 de maio de 2011

Rapunzel (ParteIII)


   - Rapunzel, você já pensou que poderia usar seu cabelo? - Perguntou Joanna
   - M... Meu cabelo?
   - Exatamente, pode segurar coisas com ele, com o tal comprimento avantajado... Rapunzel, você pode usá-lo contra a Genna Connor, movimentá-lo com sua mente que tal tentar?
   - Bem... Parece útil... Eu acho
   - Mas quero que você defenda-se apenas com o cabelo, se não conseguir de jeito nenhum, mas apenas em algum caso de extremo desespero, defenda-se sem ele
   - Mas como eu vou usar apenas o cabelo?
   - O que você tem na sua mente, enquanto destrói as armas, passe isso para o seu cabelo
Eu estava usando essa blusa, a cor do
meu cabelo se misturava à da manga, mas
eu não resistia a ficar enrolando chumaços
no braço continuamente
   - Mas Joanna, eu não sei se consigo, eu não sou mágica, e se eu me machucar?
   - Você tem que acreditar em si mesma. Rapunzel, já viu o comprimento de seu cabelo?
   - Ele deve ter uns... Bem... Eu não sei, ele quase toca no chão quando o ponho para fora da janela, mas...
   - E imagine o peso disso esmagando alguém, ou a força que você pode por nele apertando um malfeitor que já planejou dominar o mundo, imagine a força do seu cabelo salvando o mundo! - Nessa hora comecei a lembrar da tia Genna penteando o meu cabelo quando eu era pequena, ela sempre me chamou de "perolazinha", "anjo", etc. Não seria capaz de matá-la, mesmo depois de ela ter tentado me infectar - Então, está pronta?
   - Acho que sim.
   O processo se repetiu: As flechas foram lançadas, eu, com muito esforço, as consegui agarrar com uma mecha do meu cabelo e as parti no meio. Quando vieram as facas, eu me concentrei para que o meu cabelo não fosse cortado por elas, mas consegui fazer um nó prendendo o cabo de madeira dos três facões. Agora vinha uma das partes mais difíceis: As cinco estrelas da morte, consegui virar quatro delas para cima para que caíssem no chão, porém a quinta escapuliu e fez um pequeno e não muito profundo corte na minha maçã do rosto, eu nem me importei, apenas limpei o sangue e segui o arranhão com a mão para ver se havia sido muito comprido, não. Mas agora era a vez do míssil, eu virei rapidamente para olhá-lo sair lentamente da parede, não sei quantas cópias exatas de todas aquelas armas haviam ali, mas eu me senti como da primeira vez, só que pior, o míssil vinha correndo na minha direção, eu não pensei em um golpe para fazer com o cabelo, o usei de escudo, mas não apenas uma mecha ou duas, mas 
A  minha torre é a mais alta
ele todo. Senti um impacto como se a minha torre tivesse me atingido, ouvi um terrivelmente alto estrondo, ao mesmo tempo que caí no chão, mas estava intacta, sem nenhum machucado grave, meu cabelo saiu da minha frente, caindo no meu colo, aquelas longas mechas negras, vi no chão, o míssil estraçalhado na ponta, até o meio, saía fumaça dele e apenas nessa hora, eu notei que o meu cabelo estava pelando também, eu havia conseguido, o que estava na minha mente, eu passei a força para o meu cabelo, mas ele estava quente demais, tirei-no rapidamente do meu colo, Jully e Joanna me olhavam assustadas, mas maravilhadas, eu levantei ofegante esperando que a Joanna dissesse minha nota ou se tive um bom desempenho
   - Você foi ótima! Rapunzel, só precisamos treinar um pouco mais, apenas um pouco. - Passamos o resto da tarde treinando, e quando deu sete da noite a Joanna me falou - Quer tomar um banho?
   - Quero, por favor - Falei, ofegante
   - Vem, amiga - Disse a Jully - Eu te mostro o banheiro - Eu a segui até o lado de fora do corredor, naquela sala cheia de computadores, ela se direcionou a um canto, abriu uma porta e lá estava o banheiro, com seus azulejos brancos, um chuveiro comum, e uma pia de mármore, eu entrei. - Se precisar de algo, vamos estar
 na cozinha, é a porta em frente à sala que estávamos
   - Certo - Falei
   A Jully fechou a porta e eu a tranquei, estava mito cansada, tirei vagarosamente a minha roupa, dobrei-a e coloquei em um canto, entrei no chuveiro, meio devagar, e comecei a tomar banho, a água morna, os gemidos sofridos dos zumbis, à essa altura me parecia uma bela sinfonia, estava até
 me dando sono, eu iria sair direto de lá e ir para a cama, saí do chuveiro, peguei uma toalha branca e me sequei, pus uma sandália de borracha que estava embaixo da pia, e saí do banheiro vestida com um roupão do mesmo tom esbranquiçado que a toalha, eu não queria incomodar a Jully e a tia Joanna mais do que, muito provavelmente já tinha, então me direcionei ao meu 
O sofrimento dessas coisas soava como uma
bela música
quarto, mas então fiquei com fome, fui até a cozinha, estava vazia, mas se parecia com a minha, era praticamente a mesma, eu fiquei apreensiva, meu peito doeu, era inevitável: Eu estava com saudade de casa, quase desmoronei, mas resolvi dormir para tentar esquecer tudo aquilo. Fui até o quarto, deitei na cama e fechei os olhos, uma lágrima me escapou pelo canto do olho, seguida por outra e mais outra, mais uma vez me encontrei numa situação inevitável: Eu estava chorando, e muito, não sei quanto tempo durou essa choradeira, mas depois eu caí no sono
   - Rapunzel, querida! Acorda! - Era a Joanna
   - Oi - Falei morrendo de sono enquanto levantava vagarosamente e coçava meu olho
   - Vem tomar café, e depois começaremos seu treinamento
   Nesse momento, eu pus uma blusa rosa com uma caveira preta, um short jeans e uma jaqueta preta, a segui até a cozinha, só então percebi o quanto sentia fome, tive vontade de chorar de novo ao ver a cozinha, mas me controlei, a Joanna me deu um prato com um pão que continha uma geléia caseira e uma chícara de café preto, me levou até um tipo de refeitório, onde tinham umas 2 crianças e 3 meninos da minha idade, eu sentei na mesa, as crianças deviam ter uns 5 anos, e ficaram me encarando, os meninos arregalaram os olhos direcionando-os a meus seios, me senti desconfortável e fechei a jaqueta, todos voltaram a comer, um dos garotos, ruivo, de olhos verdes, estava com uma camisa xadrez e calça jeans, tomou coragem e me perguntou:
   - E aí, por que você tá aqui?
Eu tentei não olhar, mas ele tinha
olhos lindos
   - Bem.. Eu movo as coisas com a mente, eu acho...
   - Legal, eu leio a mente da galera - Disse um outro menino, de cabelo preto, liso e uma camisa verde
   - Legal - Eu dei uma mordida no meu pão
      Depois que terminei de comer, a Joanna e a Jully me levaram até o lado de fora, onde já era possível ver uns dez zumbis em frente a cerca
   - Rapunzel, querida, tente matá-los usando apenas a sua mente - Disse a Joanna
   - Mas todos de uma vez?
   - Não, tente apenas um
   - Certo - Eu os olhei, lembrei do que haviam feito à minha irmãzinha e do que a Genna havia feito à ela, mereciam morrer, tanto aquela bruxaq quanto aquela espécie maldita, desejei que seu coração parasse, visualizei sua morte, a vontade de que ele caísse gelado e sem vida no chão foi aumentando, tentei parar seu coração, me sintonizei às batidas cardíacas dele 1... 2... 3... Lentamente seu coração deteriorado batia, pareciam os passos da morte se aproximando cada vez mais 1... 2... 3... Ele se contorceu, soltou um gemido alto e apavorado, e caiu, frio, e sem vida, no chão - Consegui, eu consegui Joanna, eu o matei!!! - Virei a cabeça de volta para a cerca, visualizei o resto dos zumbis, sincronizei seus batimentos cardíacos, regulei-os até parecerem um som apenas, fui deixando-os mais lentos e mais lentos e mais lentos. Até que todos seguiram o mesmo doloroso processo até morrerem, alguns se agaixaram, outros ficaram de pé, mas todos caíram mortos e gelados no que costumava ser a terra do chão Dinamarquês ao mesmo tempo. Não pude evitar de dar um odioso, frio e maníaco sorriso - Matei os outros.
   - Prabéns, querida. Quero fazer mais um exercício, você aceita?
   - Claro.
E me orgulho de ter matado cada um deles
com o devido sofrimento que mereciam
   - Tente ler a minha mente.
   Eu olhei fixo nos olhos dela, me esforçando para adivinhar o que se passava em sua cabeça "Sei que vai conseguir sair vitoriosa desse luta contra a Genna" Eu havia conseguido ler a mente dela
   - Eu também - Eu a abracei com força, mas era mentira, eu não achava que conseguiria, jamais seria capaz de matar a minha mãe!
   - Querida, eu tenho uma terrível notícia para te dar, andamos espionando a Genna, você pode não estar psicologicamente pronta para isso, mas ela iniciará a sua ordem mundial amanhã à tarde, então sua luta deve ser o quanto antes 
   Ela treinou os meus poderes,a parte de controlar o funcionamento do corpo do meu alvo, os movimentos e se eu me esforçasse muito até os 
sentimentos, porém muito suavamente, depois me ajudou a ler melhor a mente das pessoas. Eu já estava muito boa nisso, mas já eram 21:30 da noite, precisava me preparar para a luta com a minha própria mãe, e eu falo me preparar psicologicamente.

                             Continua...

domingo, 8 de maio de 2011

Rapunzel (ParteII)

   - O que é isso?
   - Genna, não é o que está pensando - Falei me colocando na frente do meu laptop
   - É EXATAMENTE O QUE EU ESTOU PENSANDO! EU TE CRIO, DOU ROUPAS COMIDA, SAPATOS, LHE PROTEJO DESSA TERRÍVEL PRAGA ZUMBI, E COMO VOCÊ ME AGRADECE?? - Ela começou a andar na minha direção - Conspirando contra mim com esses agentes da OPPE com a mente mais fechada que esta maldita torre! Pensei que você fosse diferente Rapunzel, que você fosse me obedecer como uma boa filha, mas você é só mais um daqueles idiotas! Vejo que terá o mesmo destino que eles!! - Ela retirou do avental surrado, uma agulha hospitalar contendo um líquido transparente dentro - PREPARE-SE PARA A PRAGA, MOCINHA!! - "PREPARE-SE PARA A PRAGA" essa nem parecia a voz da Genna, mas me parecia familiar "PREPARE-SE PARA A PRAGA" lembrava de ter ouvido isso em algum lugar... Um flashback veio à minha mente: "15 de março de 2053, Liza pegou a praga, e ontem alguém gritou 'prepare-se para a praga', eu não consegui identificar..." "18 de agosto de 2057, uma pessoa gritou 'prepare-se para a praga' ontem e hoje o Josh pegou a praga Zumbi... Estou com medo!" Todas essas frases eram de meus diários de quando eu tinha 7 e 11 anos, lembrei de muitos outros também, mas as vozes que eu ouvira no dia em que escrevi aquelas páginas 
Liza
de meus diários eram muito mais parecidas com a voz da Genna naquele momento, a Genna os estava infectando, então todo esse tempo, a Genna doce e adorável que eu havia conhecido era mentira! A agulha se aproximava do meu pescoço, tudo o que eu queria naquela hora era que aquela coisa quebrasse, o vidro da injeção começou a rachar, a ponta se entortou, até que ela explodiu, pus o braço na frente do rosto para que meus olhos não fossem atingidos por nada, só ouvi a minha querida madrasta gritar - GROTA TOLA! INÚTIL!! VOCÊ FEZ ISSO PARA ME INFECTAR!! MAS NÃO SABE QUE SOU IMUNE??? - Joguei ela para fora do meu quarto com a minha mente, antes que eu conseguisse trancar todas as fechaduras ela abriu a porta com os lábios sangrando e sorrindo como uma psicopata, suas gengivas também sangravam e ela correu na minha direção, quando eu fiz uma loucura: Pulei da janela, não sei o que pensei ao pular de uma torre de 200 andares, meu coração estava acelerado, eu sentia um frio na barriga, não conseguia abrir os olhos, nem que eu quisesse, algo me travava, eu nem sabia se estava de cabeça para baixo ou para cima, comecei a me espernear, jogar meus braços e pernas para todos os lados, tentando agarrar o que fosse que estivesse em meu caminho, consegui segurar um pano, parecia, à minha análise, um lençol pendurado no varal do 96º andar. Abri os meus olhos, olhei para cima e vi que não, era uma bandeira, segurei com a outra mão também, aquilo não aguentava meu peso e foi descendo vagarosamente, era como aterrissar de para-quedas, senti, finalmente, os meus sapatos pisando algo que não fosse mármore ou ouro, olhei para a cerca, nunca havia visto os zumbis tão de perto, a menininha à esse ponto, já estava morta com tantos choques. Senti meus olhos quentes, úmidos, senti vergonha, a Genna sempre me ensinara que zumbis eram monstros, criaturas cruéis e matadoras de humanos, e era verdade, mas aquela menininha... Me era familiar... "15 de março de 2053, Liza pegou a praga..." Liza!! Era a Liza que havia morrido, tão nova... Olhei, mesmo 
Ela parece estar com maquiagem, mas era a
sua pele se deteriorando :'(
que de longe, para os olhinhos dela naquele rosto desfigurado, aquele tom de verde claro era inconfundível, era a minha irmãzinha. Alguém tocou meu ombro pelas costas "A tia Genna!" Pensei apavorada, virei lentamente para trás, quase podia ver sua pele sedosa, com aquela expressão de ódio estampada nela, olhei-a. Era o ninja da minha cozinha, a tia do vídeo. Me preparei para gritar de tão assustada que fiquei, mas ela tapou minha boca e pediu para eu segui-la, ela foi saindo silenciosamente do castelo, ela andava na frente para limpar meu caminho e deixá-lo livre de zumbis, eu não estava em condições de brigar nem de usar meus novos poderes. Chegou um momento em que ela me puxou pela parte de cima do braço e me levou para dentro de uma instituição, era toda verde-bebê, tinha uma cerca elétrica ao seu redor para evitar zumbis também, lembrei-me da Liza, a Liza havia morrido numa cerca elétrica, a Liza não havia sobrevivido, e me depreciou ver aquela cena, lembrei de quando vira ela tentando passar da cerca e tomando choque, se sabia que a cerca era elétrica, por que continuou batendo nela? A Liza era pequena, mas era uma das crianças mais inteligentes que já havia visto, mesmo zumbificada, sei que ela não teria tal casmurrice em continuar encostando dez vezes em uma cerca elétrica, sem ao menos ligar se vai morrer ou não, e aqueles dois zumbis, estavam parados, com as mãos em suas costas "EU SOU MUITO BURRA!!!" pensei "AQUELES ZUMBIS ESTAVAM MATANDOA LIZA!!" a Genna já havia me contado casos de zumbis matando uns aos outros, pois 
Pouco cérebro, e ouca carne
humana...
sabiam que sobraram poucos humanos, por tanto, poucos cérebros e carnes ensanguentadas para degustar, o ódio me invadiu, meu corpo ficou quente, snti uma queimação odiosa no peito, eu queria mais era matar um zumbi naquele momento, quando a moça largou o meu braço e fomos passar pela cerca, eu fiquei do lado dela, cada vez mais ela tentava ficar na minha frente, e cada vez mais eu ia para o lado dela, tirei o meu cinto de tachinhas prateadas pontudas e fiz de chicote contra os zumbis, nos aproximamos da cerca elétrica, ela socou os dois primeiros zumbis e entrou rápido na porta, esperando que eu entrasse também, mas eu fiquei lá, ela me olhou espantada, o primeiro morto-vivo que veio fungar no meu pescoço, foi chicoteado com as tachinhas compridas e pontudas, enforquei-o e comecei a pular na barriga dele.
   - ISSO É PELO QUE FIZERAM COM A MINHA IRMÃZINHA!!! - Era ele, e era o mesmo que empurrou a Liza, como o destino era maravilhoso, mas eu queria matar a todos, quando algo me puxou com mais força que eu, me desesperei, não devia ter procurado briga com os zumbis, apertei os olhos, nenhuma mordida, nenhum arranhão, quando os abri, vi que estava do lado de dentro da cerca, levantei-me, olhei para a mulher, ela ainda estava muito espantada, me puxou pelo pulso e adentramos o prédio, haviam muitos comutadores, pessoas andavam de um lado para o outro, provavelmente sem tempo de darem atenção às outras, mas muitas também, tentando achar uma vacina para essa maldita praga
   - Rpunzel! - Disse a mulher do vídeo vindo de longe na minha direção, então quem estava comigo? - Vejo que já conheceu minha filha! - O ninja tirou a máscara e olhou para mim, era uma garota, com os olhos dela, mas bem mais jovem, ela soltou o cabelo, era comprido, loiro, cacheado e tinha algumas mechas marrom claro - Vocês duas, sigam-me - Fomos andando até uma parede de ferro, ela se elevou, mostrando um corredor cheio de portas, ela foi até uma porta no fim do corredor, me mostrou um quarto branco, cama de casal branca, televisão de cor branca, armário branco, video-games brancos, computador branco, tapetes brancos, chão branco teto branco, até o lustre era branco! - Rapunzel, este é o seu quarto
   - Mas é todo branco!
   - É, mãe - Disse a menina - Por que o quarto das outras pessoas é em cores?
   -Considere isso - Disse a tia, que eu ainda não sabia o nome - Como um exercício para os seus poderes, decore mentalmente como quiser!
    - Tudo bem - Eu entrei no quarto - Mas antes eu tenho uma pergunta: Quais são os poderes das outras crianças?
   - Telepatia, combustão de objetos mentalmente, mas a maioria tem apenas um, de todos os adolescentes que estão aqui, você é a única que tem todas as habilidades mentais juntas, por isso deve exercitá-las - Eu ia perguntar o nome delas, mas achei que seria estranho, olhei então nos crachás delas, o nome da moça do vídeo era Joanna e a filha dela era Juliett, elas viraram as costas e saíram, eu fechei a porta, virei para o meu quarto e começei a pensar em como decorá-lo. Coloquei o carpete de cor vermelha, deixei as paredes brancas, o lustre ficou dourado, a TV preta e o lençol da cama ficou rosa pink com umas caveirinhas rosa bebê, coloquei azul marinho no video-game e o laptop ficou verde neon, resolvi então pintar na parede como se tivessem alguns quadros tipo a monaliza, etc., pintei o armário da mesma cor que a cama, abri ele: Roupas completamente brancas, decorei uma por uma ao meu estilo, a Juliett entrou no meu quarto:
   - Tudo bem aí?
   - Claro, Jully, posso te chamar de Jully?
   - Pode. Ah, precisamos te mostrar uma coisa
Jully tem um cabelo Divo
   Ela sentou na minha cama, ligou a TV, o aparelho de DVD e me mostrou um vídeo
   - Está ciente de que será presa, pelos próximos dez anos não é? - Dizia uma senhora de cabelos ruivos, meio ranzinza, no vídeo
   - Sei, mas isso não me impedirá de dominar o mundo, nunca - Isso até me espantaria, ontem. Mas ouvi a voz da Genna falando calma e tranquilamente no vídeo - Um dia todos vocês obedecerão a mim, e eu serei uma deusa
    - Mas hoje, apenas terá que ir para a sua cela
    - Eu sei.
    - De repente - Falei - Nem parece a tia Genna
    - É por isso - Ele olhou para mim - Que você tem que detê-la, pois ela pode conseguir
    - O que?
    - Rapunzel, os dias estão se passando, todos aqueles corpos não ficarão lá para sempre, você tem que exercitar suas habilidades para impedir que ela faça do mundo seu império
    - Jully, eu... Eu não posso fazer isso
    - Por que não
    - A tia Genna não gosta mais de mim, e ela também é uma psicopata, eu sei, mas não posso matá-la, tenho que ser grata por ela te me criado como uma filha, eu acho
    - Ela não foi boa com você por você, foi boa com você por ela
    - Eu sei, mas isso não mudou o fato de que ela foi boa comigo
Ela SEMPRE me tratou como uma filha
(aos 8 anos meu cabelo era marrom)
    - Rapunzel, você é a única que pode reverter o caus que está para acontecer, por favor, peço que faça a escolha certa
    - Farei
    - Infelizmente, amiga, o que está querendo escolher não é o certo
    - Eu sei, eu a matarei. - De repente senti os meus olhos ficarem mornos de novo, ficaram úmidos, e deixei uma lágrima escorrer pela minha bochecha, me senti horrível de novo, e antes que a Jully ou qualquer outra pessoa olhasse pela câmera, enxuguei ela.
   - Então teremos que começar logo o seu treinamento
   - Que treinamento?
   - Você tem que aprender a controlar seus poderes
   - Tá legal
   - Vem - Ela se levantou e eu a segui
   Ela me levou até uma porta ao lado da minha, a sala também era toda branca, e sem mobília, apenas a Joanna lá, parada
    - Rapunzel, aqui vamos testar os seu poderes, atiraremos em você com armas para você desintegrá-las com sua mente, acha que consegue?
   - Tenho certeza - Eu engoli o choro e subi no tablado para onde a Juliett apontou para eu ir
   Ela apertou um botão num controle remoto, um monte de flechas foram lançadas na minha direção, eu fiquei parada e as olhei fixo, quebrei todas no meio, de uma vez só. Do outro lado da sala sairam uns 3 facões, eu entortei a primeira na parte do metal, a segunda eu fatiei em 10 pedaços, e a terceira foi freada e caiu no chão, e depois eu a explodi. Mal deu tempo de eu respirar fundo, que quando eu olhei para trás estavam sendo atiradas na minha direção, cinco estrelas da morte, eu as voltei de novo contra a parede, onde  permaneceram cravadas, quando eu finalmente achei que havia acabado, não, no último lado da sala que havia sobrado, um míssil gigante veio na minha direção, eu o fiquei observando, concentrada, ele era muito grande, faltava 1cm para me atingir e enfim, foi reduzido a pó. Mas eu pensei "Me faltará coragem para fazer isso com a mulher que me criou como uma filha"



                                                      Continua...

sábado, 7 de maio de 2011

Cão de corridas que deixou de ter... velocidade....
 
Espanha - Cão de caça que deixou de ter... utilidade...

Filipinas - Cão atado, com o focinho fechado com uma lata, os membros deslocados... para ser mais fácil de manusear...

Bucareste: Um das centenas de cães mortos brutalmente por dia... com a conivência das autoridades...

USA - Testes... um animal cujo único erro foi... nascer...


É nessas horas que eu tenho mais vergonha de ser humana, somos a escória do mundo, tudo o que ele tem de pior a oferecer, eu não vou mudar essa imagem que eu tenho da humanidade até outras pessoas começarem a se mobilizar também.
Faça apenas a sua parte, porque você é preguiçoso demais para fazer melhor :)

sexta-feira, 6 de maio de 2011

Quando a última árvore tiver caído,
quando o último rio tiver secado,
quando o último peixe for pescado,
vocês vão entender que dinheiro não se come