A Mutação (Parte III)

Era tipo assim a cidade

  - Você deve se camuflar no meu planeta, se misturar ao povo daqui
  - Mas como? eu já vejo 3 problemas nisso: Olhos, pele, telepatia
  - Não precisa se igualar à nós, albinos
  - O que?
  - Dohyan é habitado por duas espécies: Os denominados "Albinos" na pré-história e os denominados "Alados" na mesma época, antigamente haviam guerras entre as duas espécies, mas hoje vivemos em perfeita harmonia uns com os outros, nós, albinos somos muito parecidos uns com os outros, o que nos diferencia - Ele abaixou o zíper do macacão verde, mostrando a barriga tanquinho com o que parecia ser uma marca de nascença ou queimadura - São essas manchas que adquirimos quando crianças e elas não saem até completarmos 95 anos exatos - Ele fechou o macacão - Mas os alados são todos diferentes, se parecem com o povo de seu planeta, porém, têm uma cauda como a que você adquiriu... E asas
   - AAH NÃO!!! não não e não!!!! Eu não faço mais nenhuma cirurgia! Cara, você não imagina como a última cirurgia que fizeram em mim doeu
   - E o quanto doeu?
   - Muito.
   - Escuta, você vai ter que fazer essa cirurgia para se igualar aos alados, eu lhe trouxe aqui, minha função é te proteger!
   - Eu não vou lhe deixar cortar UM PEDACINHO DA MINHA PELE!!!! - Ele fez uma cara feia e eu cruzei os braços, mas então ele fez uma coisa que eu jamais imaginei que ele faria: Me segurou pela cintura e me pôs deitada em cima do ombro dele, como se estivesse me sequestrando e depois começou a correr, eu me debatia, socava ele, ainda com o meu ovo alien bebê em mãos, mas nada adiantava, enfim eu desisti, ele 

o jaleco era tipo esse

me levou a um tipo de laboratório e me pôs numa maca (nossa! como gosta de maca, esse povo viu?), onde do lado, tinha uma garota parecida com ele, cabelo loiro, curto,  olhos pretos e pele pálida, ela estava com um jaleco branco
   - Kahinnowkah, esta é a Abby, ela é a mutação 5-1-2-6, a híbrida perfeita e para se esconder das autoridades de seu planeta e dos E.Ts cinzas, ela precisa se igualar aos alados, então...
   -  Quer que eu coloque cirurgicamente, um par de asas nela, acertei?
   - É, exatamente
   - ESCUTEM, EU NÃO VOU DEIXAR NINGUÉM CORTAR AS MINHAS COSTAS DE NOVO OK???
   - Calma, Abby, essa cirurgia vai ser rápida e indolor, até porque, você estará dormindo - Disse o Jokin com a mão no meu ombro
   - Acho bom - Eu entreguei o meu ovo alienígena para ele e deitei na maca, a garota com o jaleco colocou uma máscara em mim, ela começou a soltar um gás e eu comecei a ficar com sono, dormi imediatamente, três segundos depois eu acordei, vi eles logo à minha frente, olhando animados para a minha cara - Que foi, gente?
   - Levante-se, Abby. - Disse a garota segurando a minha mão e me ajudando a levantar - As suas asas exigiram muito esforço de mim, mas está completo
   - O que... - Eu pus os braços para trás e toquei em algo muito grande e penoso, eram, obviamente as minhas asas, eu tentei movê-las, balancei-as para frente e para trás

Eu com as asas

   - Gostaria de um espelho?
   - Claro, valeu Jokin - Ele foi até uma porta ao lado da sala onde eu estava, e trouxe um cilindro coberto por um espelho, virou-o de lado e eu me vi com as minhas asas, eram pretas, grandes e muito bonitas - São lindas
   - Bom, já está ficando tarde - Disse a amiga de Jokin - Você não vai precisar de um lugar para passar as noites?
   - É provável... Tem alguma pousada por aqui???
   - A Abby - Jokin se aproximou de mim e pôs a mão no meu ombro esquerdo, como se estivesse me abraçando - Pode dormir lá em casa, tem um quarto sobrando para ela
   - Brigada, Jokin
   Jokin segurou o meu pulso e me ajudou a descer da maca, ele estava com o meu ovo lilás na mão, enquanto saíamos do laboratório, estávamos caminhando naquele chão metálico, fomos até uma cúpula oval, similar às cúpulas que eu vi na nave dos E.Ts cinza esverdeados, quando nos aproximamos, toda  a parte da frente se abriu e nós entramos lá
   - O que é isso? - Perguntei enquanto um tipo de cinto de metal começava a envolver a minha cintura e me puxar para o vidro, que agora estava sendo coberto por um outro metal completamente branco
   - É o metrô
   - Certo...

o chão de lá era assim, por todo lugar que eu olhasse
nas ruas, o chão era esse

   Antes que eu pudesse pensar em dizer alguma coisa, aquela cúpula disparou, simplesmente não consegui raciocinar direito de tão... Estranho, era como se eu estivesse caindo, abaixei a minha cabeça com dificuldade  e olhei para a mão do Jokin para ver se meu ovo estava seguro, ele parecia um pouco maior que o que estava antes, devia ser normal, acho que aquele ovo deveria crescer mesmo, de repente a cúpula parou de correr, eu quase fiquei sem respirar com o impacto, mas voltei ao normal depois de uma tosse meio abafada. Entramos numa espécie de apartamento, muito pequeno, mas muito fofo! O chão e as paredes eram amarelinhos,  tinham uns controles estranhos na parede, parecia uma máquina de lanche, mas sem lanches, só tinham umas lâmpadas piscantes dentro, no meio do apartamento tinha uma mesa flutuante com bancos flutuantes ao redor, um computador grudado na parede, ao lado de uma TV também grudada na parede, tinha uma janela com uma linda vista para a lua de lá, e logo ao lado tinha uma porta que dava para um quintal cheio de flores e árvores estranhas, e muito perfeitas
   - Que casa fofa!!
   - Na verdade, é um apartamento

Essa era a vista que eu tive da janela, eu acho que esse
planeta, ou seja lá o que for gigante aí era a lua de lá...

   - Então como tem quintal?
   - Todos têm.
   - Hmmm...
   - Quer comer alguma coisa?
   - Quero sim, estou morrendo de fome desde que estava na sua nave
   - Ela não é minha
   - Sei...
   - Vem. - Ele me puxou pelo braço e me levou até o quintal, não estava escuro, as folhas de alguns arbustos pareciam ser iluminadas, com isso eu percebi que as folhas da maioria das árvores pareciam ser de vidro, elas caíam sobre minha cabeça, mas não doía, eu só ouvia um barulhinho como se fosse um pequeno sino tocando, as árvores tinham umas frutas roxas, mas eram no caule, ele pegou um deles e me deu para comer - Essa é a melhor opção por hoje, você não está acostumada com a comida daqui ainda, vai ter que se adaptar aos poucos
   Eu peguei a fruta roxa (se parecia com uma laranja roxa gigante) e comecei a comer, era macia e um pouco salgada, mas era uma delícia
   - Isso é muito bom!
   Ele ficou olhando nos meus olhos por uns trinta segundos, acho que ele me achou uma retardada pelo modo como eu comia com tanto gosto aquela fruta. Depois ele piscou rapidamente o olho e virou a cabeça para o lado, caminhou na direção de uma árvore, e pôs o meu ovo-bebê ao lado dela, ele já estava bem maior, estava quase do tamanho da minha cabeça

Eu sei que era meio macabro, mas tinham tantas flores
fofas ao redor dele que essa coisa ficou parecendo linda

   - Ele estará seguro aqui - Eu sorri para ele e ele continuou olhando nos meus olhos como se estivesse distraído com eles, eu abocanhei o último pedaço da fruta salgada antes de ele dizer - Já passou de meia noite, você precisa descansar
   - Verdade...
   - Vamos para dentro - Ele pôs a mão nas minhas costas e nós entramos de novo no apartamento amarelinho, ele pegou um controle em cima da mesa flutuante e apertou um botão verde, no mesmo momento a mesa e todas as outras coisas foram para baixo do chão, uma parede de vidro com uma porta de ferro dividiu o cômodo em dois, uma cama de metal com um colchão transparente cheio de um tipo de gelatina esverdeada por dentro e um ursinho de pelúcia com antenas e tentáculos peludinhos no lugar dos braços, mas com aquele típico sorriso doce e adorável de ursinho de pelúcia, no meio do quarto surgiu um tapete completamente preto que mais se parecia com a lente de uma câmera e uma das paredes se abriu mostrando uma porta de vidro que dava numa espécie de armário com vários macacões justos de algodão e de seda, de diversas cores - Boa noite.

E além de não ser ruiva, eu não
danço ballet

   Ele apagou as luzes e eu fui até a cama, fui dormir abraçada com o ursinho, sonhei de novo com a apresentação de ballet, dessa vez, os dançarinos pintados de cinza pareciam segurar e agarrar a bailarina, afim de agredí-la, o bailarino pálido os atacava e no final, a menina ruiva os atacava, mais até que seu parceiro, eu já havia entendido que talvez eu fosse a menina ruiva e o dançarino era, obviamente, o Jokin, mas eu não entendi o por que de ela ser ruiva, eu sou loira. Foi nessa hora da noite que uma luz no meu quarto me acordou, tinha um holograma saindo do tapete do meu quarto, se parecia com um planeta bem pequeno, algumas pontas finas saíam dele, como se fossem prédios, depois a imagem mudou, apareceu uma cidade com prédios negros nela, armas e os E.Ts cinzas caminhando, esse holograma estava no quarto do Jokin também, ele estava sentado em uma cadeira, essa não flutuava, mas era muito estranha, eu entrei no quarto e perguntei:
   - Jokin, que holograma é esse? - Ele deu um grito
   - Porque ainda está acordada? O que está fazendo aqui????
   - Eu estou... Quer dizer... AQUELE HOLOGRAMA ME ACORDOU!!
   - Mas o que...
   - O que está acontecendo??
   - Escute... Abby, você não pode saber, não está pronta ainda.
   - Eu vou te mostrar exatamente o que não vai estar pronto se não me disser exatamente agora o que está acontecendo!!
   - Desculpe, eu não posso!
   Eu fiquei muito irritada, se os cinzas estavam atrás de mim, eu tinha que saber o que era aquilo, se era o planeta deles, se era algum tipo de prisão, nem sabia, só queria saber, mas ele se recusou a dizer, não pensei direito na hora, acho que só fiz o que fiz, derrubei ele da cadeira e dei uma chave de braço
   - ME DIZ O QUE É ISSO!!!!!
   - NÃO POSSO!

essa era uma parte da cidade que estava no holograma...
Eu sei, macabro!

   - ME FALA LOGO! - Eu comecei a enfiar as unhas no braço dele
   - AI! TÁ BOM! TÁ BOM!! EU FALO!
   Eu soltei o braço dele, ele ainda ficou uns cinco segundos no chão, ofegante, depois ele levantou e foi até o holograma, a cadeira era bem grande então eu sentei junto com ele, o planeta todo pequenininho apareceu de novo
   - Está vendo isso? É um planeta que por enquanto não tem nome, estava sendo mantido sob sigilo, mas a pouco tempo o encontramos, estamos o espionando há algum tempo, descobrimos que nesse planeta eles guardam as maiores armas que já produziram, planejam o extermínio de espécies de outros planetas para dar origem às raças escravas que querem criar
   - E pra que?
   - É tudo uma questão de poder para eles e é por isso que temos que destruir esse planeta, pode parecer loucura, mas é a única maneira de fazer as coisas voltarem ao normal
   - Eu não gosto desses caras, eu posso ajudar a detonar esse planeta?
   - Acho bem difícil que o conselho vá permitir, eles estão à sua procura, você tem que ser protegida e não pode ficar exposta à eles
   - Por que? você mesmo disse que eu sou mais forte, rápida, flexível e resistente que as outras pessoas, por que não posso ajudar?

Essa cadeira era BEM maior do que parece

   - Eu também não sei, na verdade eu fiz a mesma pergunta a eles e eles se recusaram a me dizer o motivo - Ele pôs uma mecha do meu cabelo atrás da minha orelha - Abby, eu... Você precisa descansar, volte pra cama
   Eu sorri para ele, mas eu não queria sorrir, estava com raiva! Ele ia se declarar! Mas não se declarou! E por algum motivo eu acabei sorrindo, levantei da cadeira e fui de volta pra cama, sonhei de novo com a apresentação de ballet, ainda sem entender, eu não sou ruiva e nem danço ballet! Nessa apresentação, eles ficaram juntos, apenas dançando, como o casal mais fofo do mundo. Acordei então com uma luz de um sol, mas ele era azulado, era muito lindo, resolvi caminhar um pouco no quintal, me encostei numa árvore, peguei mais uma daquelas frutas roxas e comi ela rapidamente, pois estava com  muita fome, olhei para a árvore à minha frente, era onde o meu ovo estava, ele estava do tamanho de uma melancia, eu o peguei e saí correndo e comecei a procurar o Jokin, encontrei ele sentado em uma pedra perto de um arbusto
   - Jokin, Jokin! Olhe isso! O meu ovo está do tamanho de uma melancia, ele está do tamanho de uma melancia!!!

   - O que é uma melancia?
   - Bem... Ele está enorme!!!!

   - Abby, a primeira coisa que você vai fazer é relaxar, esse ovo está ligado a você, e você não pode se estressar ou se agitar enquanto segura ele, esse filhote ainda é muito frágil e fortes emoções podem acabar com ele
   - Ok, eu queria saber, você pode me explicar um pouco mais sobre o seu planeta?
   - Claro...
   Ele começou a me explicar um monte de coisas sobre o planeta dele, quando senti o meu filhote chutar o ovo com tanta força que quase me deu câimbra na mão, eu olhei o ovo, estava rachando, o filhote iria nascer, eu simplesmente não sabia o que fazer






                                                  Continua...